Você morreu de uma “flor na boca”
Como no poema de Cecília Meirelles;
Livros destrocados,
Poemas que nunca terminei.
Em um dia, de carro, te vi passar.
Corria para morte.
Eu não sabia como apanhá-lo,
Estava dentro do túnel escuro.
Lamentos que nunca vamos compreender,
Fatos que nunca ficarão esclarecidos,
Como aquela carta que comecei a escrever,
E falava em não perder o fio da meada.
Não sei se poderia dizer muita coisa,
Mas uma onda do mar te levou,
E eu fiquei com a brisa,
Da solução sem tesão.
Precisei te ver, de novo, diante do absurdo,
No dia que o inseto me deu um beijo,
E você, no sonho, me beijou de existência;
Corri para ler o que havia escrito.
Era uma canção póstuma,
Para alguém que já morria.
Me senti fina, como a ave que voa,
E leve, como a pena que se estilhaça no chão.
Doei o meu pranto de heresia,
De não saber o lugar do choro,
Aquilo que dizia me arrancava o peito,
E ardia a brasa, daquela hora funda.
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