ATRAIO POESIA

A VIDA É TODOS OS DIAS UMA POESIA, POSTAR POESIAS, CAMINHAR OS DIAS.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

PAIXÃO NA SEXTA-FEIRA

encanto é o que eu não poderia deixar de te contar
sempre me perco nessas palavras dúbias
entre tantos recados postados
em um final de semana
um canto

só meu
minha paixão em flor de vidro
rosas, cámelias, antúrios
vi meu vestido em sua camisa amassada

amor passado do ponto
que precisa de cor de novo
vibrantes sonhos

somos assim
projetos descalços
vida que se renova a todo instante

Bom te ver
meu amor está mais livre

SUSPIROS

À sombra da árvore,
Ela suspira
Calada.

O jogo ingênuo da sua infância
Retorna vivo,
Na bola que rodopia no ar.

Corpos passeiam,
Juventude escondida,
Olhar distante.

O coqueiro balança
Sobre a cabeça.

O céu passa e suspende o coqueiro.;
O vento estremece,
cantam as folhas que dançam.

O sol passeia no mar,
Ida e volta no bravo estrondo,
Lavando a beleza.

LEMBRANÇA

Gota de orvalho que desfalece
Na neve adormecida.

Brancura da fala,
Que escuta o som da neblina que cai.

Chora os sonhos do seio abandonado;
Velha história
De música que não toca mais.

Reta, a curva da minha mão afaga o seu colo;
Brinquedo jogado nas cinzas do esquecimento.

Fumaça que sobe sem cor,
Espectro colorido.

LÍNGUA

Dorme inquieta
No sono profundo
Da minha vida quieta.

Aprendi, com a prova do dedo;
Saliva misturada,
recompensa do insípido
Cheiro do gosto.

Língua da pátria,
Que por entre dentes morde.

O CHARME

Pulou
Fez modos de moça
Inclinando levemente a cabeça.

O piscar dos olhos foi triunfal;
Queria ser gente.

Saiu do ninho onde acabara de demonstrar seu poder imbatível,
Na cestinha,
Miando...
Quatro gatinhos.

sábado, 9 de abril de 2011

CREPÚSCULO

Resposta para tudo
Foi o que me deram na infância.
Lembrança adormecida,
De quem tudo duvida.

Tarde, os sonhos retornam
Cheios de coragem e arrependimento.
Não há mazelas na hora do encanto;
Só flores do esquecimento.

Reparo na fria rigidez da tarde em desalinho,
Matizes de tinta em um quadro míope;
Ternura é palavra que foge à estética convencional;
Revela a dor de quem tudo perde a todo momento;
Expressões contidas no desenrolar da língua.

INFINITUDES

Troco de papéis, sem ganhar nenhum trocado;
Cavaleiro de lança na mão,
Guerreiro em luta atenta,
Mestre refletindo sobre a lição,
Andarilho cumprindo o ofício multi-facetário.

Porque as estrelas formam constelações gigantescas,
E escondem a lógica do universo?

Retiro do bolso a fita métrica e não encontro Deus;
Talvez esta medida seja muito pequena para meus sonhos,
Ainda não ganhei o infinito para brincar de engenharia.

domingo, 3 de abril de 2011

CORRENTE

Brisa leve que passeia
Sobre o corpo ereto,
curvo de pensamentos.

Esteio de um lugar fragilizado,
Sombra entremeada de sol firme,
Provocação guardada,
Em essência própria.

Ciência e existência,
Ofusca a atração vibrante,
Clara e densa,
Corda fina e bamba,
Em que balançamos.

NOTURNA

Sobre a noite vejo a coruja,
Que fere a minha boca,
De sorriso fechado de riso.

Vejo o carro passar,
Descer do ônibus a sua figura esguia,
Rompendo a casa alva,
Com a sujeira da cidade carregada;
Alma infectada de asfalto.

Arruma, lava, inspira,
O cal da casa de alvenaria,
Cheiro espalhado pelos cantos,
Anda pela casa,
O tempo que deita.

ODE À BORBOLETA

Borboleta que pousa no ventre de um verso, que vai
Cresce, mansa, junto ao impulso da razão;
Hóspede louca que beija à toa,
E se despede.

A noite parece que some,
Dá lugar aos seus companheiros exóticos,
Mas, eis que surge sempre que tem arco- íris,
enfeitando de cor.

Sabe as minhas malícias,
Meus pensamentos distantes;
O mundo aonde vagar é imenso
Sonhos em asas contentes.