São onze minutos suspensos na escuridão.
Através do espelho,
a face rompida em montanhas de gelo,
no corpo da mariposa que fixava os olhos em mim.
Guerreiros da luz.
Minha alma se uniu a sua lembrando os transes em Ouro preto,
percorrendo caminhos onde a face de Deus se revela no adro,
da igreja de São Francisco de Assis.
Nove vezes eu fui Sua.
Sua mágica presença curando minhas dores,
no amor e na misericórdia.
Sozinha.
Segui o caminho,
às vezes nua,
às vezes vestida de lua,
dormindo com anjos depois de noites em desespero veloz.
Escondida em um lugar santo,
cheio de plantações que minhas mãos semearam,
acolhida pela terra vermelha e árida,
recuperei minhas asas
preparei para um voar embalando bebês.
Surgiu no horizonte o tempo de aprender sua linguagem.
Fora do ninho conforto caminhei entre rosas vermelhas, o caminho do coração.
Magias desfeitas impedindo um coração de chorar, uma menina de rodopiar, uma mulher de sorrir.
Na cadeira de balanço da varanda envelheci sem pressa de nada.
O espelho quebrado ressurgiu inteiro,
a boneca fez piruetas no mar.
A mulher passou seu batom vermelho carmim e vestiu-se de mandacaru.
A dança cigana de dias esquecidos.
Peregrinando pelo caminho sagrado feminino achei minha alma adormecida em seus braços.
A fé revelada em sonhos e números, chorando a beira do rio.
Alquimias e canções marotas, em desertos frágeis.
Encontro você em momentos onde todo o universo se repassa e repara a nossa própria lenda.